sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Buenos Aires é a capital européia na América Latina


Buenos Aires é mesmo a capital mais européia da América Latina; cada um de seus recantos está impregnado do conhecido charme portenho, homens bonitos e bem vestidos - acompanhados por mulheres que não se importam em ditar novas tendências de moda - transitam apressados por suas ruas. Além de existir um pouco de história em cada esquina, a cidade recende a manifestações culturais e políticas.
Não é impressão: você vai tropeçar em pedaços de história a cada instante. Pode ser uma casa, uma rua, uma árvore e até um cemitério. O melhor é que tudo está à disposição por valores bem acessíveis para quem escolhe a capital da Argentina como destino. Na comparação com os preços no Brasil, os hotéis na média são baratos, há acomodações para literalmente todos os bolsos e os restaurantes e cafés, mesmo que com contas mais "salgadas", estão longe de apresentar valores proibitivos.

Por tudo isso, a dica é a seguinte: se você quer mesmo conhecer Buenos Aires, comece pelo Centro. Aqui está um pouco de tudo que a capital da Argentina oferece: há lugares históricos, passeios, hotéis ruins, bons ou excelentes, uma infinidade de opções de compras, pontos turísticos conhecidos ou não, restaurantes tradicionais e modernos, livrarias, cinemas e cafés. O Centro histórico e cultural, também conhecido como "el centro", é onde largas avenidas se misturam com ruas muito estreitas e onde estão a Casa Rosada, os calçadões da Florida e da Lavalle, casas de espetáculos, pizzarias e livrarias que agitam a noite e, claro, parte da Avenida 9 de Julio e da Corrientes, ou a Plaza San Martin. Em grande parte das vias, é possível circular com segurança à noite.

Do Centro, você pode ir a pé até a Recoleta, ou, se preferir seguir para o sul, a San Telmo, e Puerto Madero é bem ali embaixo. Caso não goste de caminhar, tome um dos famosos táxis negros. Eles estão por toda a parte e também cobram tarifas baixas na comparação com os preços praticados no Brasil. Apenas fique certo de que estará perdendo alguma coisa. Buenos Aires é uma cidade para ser conhecida a pé. Tudo aqui leva você a caminhar. Não é só a possibilidade de encontrar um lugar famoso quando dobrar a esquina. As construções foram erguidas para serem apreciadas, as árvores e flores são uma atração à parte e é muito fácil, mesmo para quem está chegando pela primeira vez, de se localizar, pelo menos entre as regiões mais conhecidas.

Uma das características da capital é a existência de extensas avenidas, que cruzam os limites dos bairros. Outra é que a disposição dos bairros mais conhecidos torna remota a possibilidade de você se perder. Belgrano, Palermo, Recoleta, Centro, Puerto Madero, Montserrat, San Telmo e La Boca, nesta ordem, estão dispostos em uma faixa próxima ao rio e qualquer mapa, mesmo um bem simples, possibilita esta orientação.

A cidade, como se sabe, é pretensiosa sim. A efervescência cultural dá uma idéia do que se encontra por aqui. A grande via de concentração dos espetáculos, a Corrientes, passou por altos e baixos. Mesmo assim, os portenhos continuam a considerá-la a Broadway latino-americana. Nem tente comparações com o Brasil. Além da histórica rivalidade, eles se têm como bem mais cultos. Voltando a Corrientes: a avenida concentra o teatro tradicional e Buenos Aires pode orgulhar-se de manter em média 150 produções semanais.

E como os hermanos não se abalam com facilidade, aproveitaram as crises para instituir espaços menores, em um circuito mais alternativo - e popular - conhecido como Off-Corrientes. Expandiram a arte a Abasto, Almagro e Palermo. Criaram uma mistura que em Buenos Aires é típica: por isso a mesma cidade que leva a arte para pontos distantes , às vezes bem alternativos, mantém a defesa permanente de ícones como o Colon e o Actors Stúdio. Na gastronomia, isso se repete. Em que outra capital latino-americana um restaurante de classe e cheio de pompa é especializado em cozinha argentina (onde as carnes são o forte) e sushis, e chama o resultado de culinária de autor ou fusion, tudo com um toque de contemporaneidade.

Por falar em contemporâneos, se você faz o gênero ao estilo mais tradicional, seu lugar é em Puerto Madero. Ferraris estacionadas junto a entradas de escritórios luxuosos de grandes corporações, restaurantes caros e um toque retrô, já que estamos no porto. Sim, em Buenos Aires tudo se mistura, mas as diferentes tribos têm seus territórios demarcados. A ambigüidade é romântica e, por isso, faz parte da alma portenha. Assim, se você gosta de história, política e cultura, volte ao Centro. Ou hospede-se em San Telmo e Montserrat.

Agora, se além disso, também quer sofisticação, fique na Recoleta ou em Palermo. Sobram bons restaurantes e lojas de grifes de tirar o fôlego - e esvaziar os bolsos. Palermo, é bom lembrar, também concentra os descolados e fãs de programas alternativos. Além disso, tem as melhores baladas de Buenos Aires (os portenhos dizem que são as melhores do continente, claro). As casas noturnas são mais "quentes" em Palermo Viejo (uma das subdivisões dentro de Palermo), que por sua vez, abriga outras duas regiões menores: Palermo Soho e Palermo Hollywood. Qualquer lembrança que o remeta aos originais não é mera coincidência. Aquelas mulheres que você vê circulando pelo Centro "ditando tendências", chegam às baladas como se estivessem de fato em Nova Iorque ou Hollywood.

A diversão à noite é garantida. Só não passe o dia seguinte dormindo no hotel. Por mais lugares que conheça, sempre vai sair da cidade com a sensação de que algo lhe escapou. Talvez, por isso, antes de chegar ao aeroporto, já esteja com vontade de voltar.


Fonte: http://turismo.terra.com.br/interna/0,,OI3083455-EI1422,00.html